Pular para o conteúdo principal

O depois

Tudo estava mais tranquilo, havia tempos que não íamos pro hospital. Em abril, na feira Reatech tínhamos conhecido uma amiga que partilhava da mesma vontade que nós. Abrir uma ONG. Como temos o nosso projeto trocamos telefone para conversarmos mais a respeito do assunto.
Em junho marcamos de nos encontrar finalmente. Era domingo, dia 3 fomos até Guarulhos . Tivemos um dia ótimo, em meio a conversa comemoramos bastante por fazer 10 meses que o Lucas não tinha uma convulsão. Chegamos em casa por volta de 08 horas da noite. Cansados mais felizes e cheios de planos.
Por volta das 11 e 30 colocamos as crianças para dormir. O Fabio ficou no computador e eu estava no quarto lendo um livro. Minutos depois ouço um barulho tipo um gemido e como se estivesse engolindo saliva, meu marido levantou e foi correndo ao quarto e eu fiquei imóvel enquanto pensava: Não pode ser, de novo não... Quando fui interrompida pelo Fabio gritando: Amor.
Claro que eu já sabia o que era, ele estava mesmo tendo uma convulsão. Corri para o quarto, peguei-o em meus braços e levei para o nosso quarto, queria dar 5 minutos para ver se passava. Fui conversando com ele e ele foi melhorando, até que passou. Continuamos imóveis, esperando. em menos de 5 minutos depois a crise voltou. Então não dava pra ficar esperando tínhamos que correr pro hospital.
Deixei ele no colo do Fabio, pus a primeira roupa que vi na minha frente e subi correndo as escadas para chegar no primeiro andar. Toquei a campainha de uma amiga e ela abre a porta meio zonza sem entender o que estava acontecendo. Pedi a ela que fosse até minha casa ficar com o Victor pois o Lu estava passando mal. Ela desceu comigo acho que ainda dormindo.
Em casa ela ficou com o Lucas no colo enquanto o Fabio se trocava e eu pegava algumas coisas pra ele e ligava pra minha mãe vir até minha casa (minha vizinha teria que trabalhar logo cedo), na verdade peguei a bolsa do jeito que estava e um cobertor, pus ele no meu colo, cobri bem com o cobertor (estava bastante frio aquele dia), Fabio pegou as coisas e saímos correndo. Aqui na minha rua é muito difícil passar táxi, de madrugada então é missão quase impossível e quando passa eles não param.
Quando acontece essas situações sempre vamos subindo sentido contrário ao transito em direção a Delegacia de Polícia que tem aqui próximo, assim se não encontramos táxi nesse percurso pedimos socorro e vamos de viatura até o hospital ( o socorro até acontece mais rápido).
Assim fizemos, íamos correndo, Fabio na frente e eu logo atrás, com o peso do Lu não dava pra correr muito. Nem estava enxergando direito, o coração a milhão... Só ouvi a voz do Fabio vindo do meio da rua e quando olhei ele estava na frente de um táxi. Literalmente se jogou para que o motorista parasse o carro. Como não há sirene e nem treino o percurso foi um pouco demorado. A crise não passava, ele já não falava mais comigo, estava inconsciente, eu tremia, como sempre nessas horas.
Quando estávamos já na Paulista, bem próximo ao hospital, ele vomitou e a crise parou. Mas ele não voltou, ainda estava inconsciente. Acho que em 15 minutos chegamos ao hospital Santa Catarina, entrei correndo enquanto Fabio pagava o táxi. Ele foi então atendido, lhe deram oxigênio, pulsinaram uma veia e o deixaram no soro, ele entrou em crise de novo e aplicaram diazepan. Após os primeiros socorros ele foi para a sala de espera do Pronto Socorro infantil. A pediatra de plantão queria uma Tomografia mas ele precisava estar em jejum. A tomo seria feita por volta de 8:00 horas da manhã. Teríamos que aguardar, e alí mesmo no PS. O Lucas ainda teve mais uma crise, mesmo depois de aplicado diazepan e recebeu uma dose ainda maior, quando finalmente ele "apagou".
Nós, tentávamos nos aconchegar nas cadeiras do PS. Nunca passei tanto frio em minha vida. Eu com apenas um casaco fino, calça dins e tênis e Fabio também de calça dins e tênis e camiseta.
Sentávamos um pouco e quando já não dava pra aguentar o frio íamos caminhar, andávamos de um lado pro outro no PS, assim ficamos até o dia amanhecer.
O Lucas fez a tomo logo cedo. Queria que saísse logo o resultado para irmos embora quando o ele estivesse mais acordado. Queria ir para casa e dormir muito, esquecer de mais um episódio ruim em nossas vidas. Após a troca de plantão, a médica veio conversar comigo, já estava com o laudo provisório da tomo, o diagnóstico: o ventrículo estava colabado, como se a válvula estivesse drenando demais, se fosse isso mesmo, teria que trocar, a crise devia ser proveniente disso suspeitavam... Nem podia acreditar no que estava ouvindo... Fui pra casa pegar uma tomografia para fazer comparação. Queria que aquilo fosse um sonho, na verdade um pesadelo né?...

Depois eu continuo....

Abraços

Comentários

Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse…
teste
Anônimo disse…
Não ansieis pelo dia de amanhã pois não saberás o que produzirá o dia.
Anônimo disse…
Antonia, cheguei ao seu blog através do blog da Vanessa.
Realmente o Lucas é um milagre !!!!
Sou enfermeira e trabalhei em pediatria por 20 anos. Sai em 2006.
Sinto falta de conviver com crianças, de ve-las melhorando, e tendo alta . Mas também tive um desgaste muito grande , precisava de um tempo.No momento sou voluntária do grupo LQ (www.lovequiltsbrasil.org), e em minha igreja faço parte do ministério Semear (fico no berçário), então minha carencia por trabalhar com crianças fica preenchida.
Se v. me autorizar, gostaria de inscrever seu filho no Porjeto LQ
seria uma honra para nós, bordarmos para um garoto tão valente !!!!!
Me escreva, saletetemple@yahoo.com.br
Beijos, com carinho,


Salete (Campinas-SP)
Odele Souza disse…
"A decisão de ter um filho é muito séria. É aceitar ter para sempre o coração fora do corpo"
Elisabeth Stone.

Um beijo.
Oi Antonia, tudo belezinha?
E os meninos?
Está muito legal seu blog ein? Eu já disse isso? risos.
Já melhorou do pulso?
Ih quanta pergunta...
Beijocas
www.todoyda.blogspot.com
www.ofuturodopresente.blogspot.com
Ai ai Antônia, acabei de ler o post.
Manda um autógrafo do Lucas para mim.
Beijos

Postagens mais visitadas deste blog

Porque dói tanto???

Ontem finalmente consegui assistir ao filme que tanto queria ver, Meu pé esquerdo, que conta a história de um rapaz com Paralisia Cerebral que tinha uma mente genial... como eu já imaginava, o filme me prendeu e me emocionou do inicio ao fim. Me vi alí em grande parte do tempo como aquela mãe que tentava ensinar o filho ainda que todas as circunstancias parecessem desfavoráveis, lutando por ele dia após dia enquanto muitos a sua volta a viam como a coitada que carrega um fardo... pobres doentes!! Quantos desses já encontrei em meu caminho... me olhando como se eu tivesse sido premiada por uma grande desgraça. No filme aquele "pobre coitado" conseguiu mostrar o seu valor, realizando conquistas que nem mesmo os mais "premiados" com seus corpos e mentes perfeitos conseguiam. A dor porém fazia parte daquela história assim como se faz presente na minha e do meu filho. Hoje já não surgem perguntas como Porque comigo?? ou afirmações como Eu não deveria ter

Voltando...

Estou de mal comigo mesma por estar tanto tempo longe daqui, das minhas coisas, meus textos que é o que mais amo fazer, mas tanta correria atrás de melhorias na escola, doações de fraldas específicas, ufa! como isso leva tempo e cansa... Tenho tantas novidades, mas logo vou fazer as pazes comigo mesma e atualizar "meus dados"... Começando pelas minhas novas madeixas...

Vale a pena sonhar!

Estava eu conversando com o Diego Fernandes que também tem paralisia cerebral agora a tarde e claro que a conversa foi motivadora, por isso faço questão de registrá-la aqui: Diego Fernandes da Cunha diz oi[ ]procura o daniel filho Antonia Yamashita diz quem é ele? Diego Fernandes da Cunha diz cineasta o livro dá um filme Antonia Yamashita diz rsrs ow obrigada Diego Fernandes da Cunha diz ñ acabei ainda mass falo sério gostaria q a trajetória de uma mãe especial virasse filme Antonia Yamashita diz poxa que honra... vou postar no blog Diego Fernandes da Cunha diz qdo postar me avisse quero ver Então Diego, aqui está, muitas pessoas veem nossas conquistas mas não enxergam nossa batalha. Como todos aqueles que lutam, eu também pago o meu preço e custa caro, mas retorno como esse que você me deu me fazem acreditar que tudo vale a pena, o sonho, a luta, o que deixamos de lado em prol da batalha... Obrigada, muito obrigada!! Daniel Filho, meu filho, cadê você?!! Va