Lucas em apresentação na escola.
Descrição da imagem: são 12 crianças de pé
e o Lucas entre elas, estão cantando e
dançando no palco em apresentação na escola,
o público está sentado em frente ao palco.
Hoje finalmente posso dizer que estou menos chateada. Desde o início do ano que estou tentando uma forma de conseguir um cuidador pra escola estadual onde o Lucas estuda e sempre encontrando muuuuuuuitas barreiras.
Depois que confirmei com o pessoal do Cape (que dá apoio a escola quando esta recebe um aluno com deficiencia, com material, transporte...) que não haveria cuidador tão cedo nas escolas, passei a buscar uma solução para a "exclusão" que anda acontecendo em várias escolas aqui em sampa. Já fui no forum conversei com uma atendente da promotoria da vara da infância que é mãe de uma criança com paralisia cerebral e que deveria me incentivar, mas pelo contrário veio me dizendo que eu não ia conseguir - se continuarmos pensando assim nunca vamos conseguir mesmo.
Apesar de ouvir palavras negativas, conversei com o promotor que infelizmente foi ainda mais negativo - depois disso é de se entender o pensamento da atentende... Após meus argumentos o promotor concordou que eu tenho mesmo o direito de pedir o cuidador e até mudou sua postura dizendo que achava que eu conseguiria, ufa! que alívio! Bom a questão é que precisava de um advogado que pudesse entrar com a ação contra o estado. Lá vamos nós novamente. Na verdade, o advogado foi fácil, difícil mesmo foi ele saber qual seria o melhor caminho, ter um modelo... ihh paramos novamente. Fiquei meses nisso, cheguei até a tentar fazer a inicial eu mesma, porém desisti. Fiquei até meio desanimada, meio quieta mas foi aí que o Lucas chegou da escola com xixi até a blusa... Lá vou eu novamente, indignada, sem saber o que fazer. Parti pra uma pesquisa sobre o assunto na internet, um pedido do advogado e eis que vi uma luz, meio fraca, mas precisava tentar; conselho tutelar. No primeiro dia que fui lá fiquei sabendo que já existia uma ação movida por uma escola daqui do bairro. Combinei com o conselheiro que iríamos falar com o ministério público do fórum aqui do bairro, oba! fiquei empolgada novamente, porém voltei ao conselho tutelar mais tres vezes tentando ir até o MP. Na ultima tentativa, na terça que antecedeu o feriado, fui até lá e o conselheiro não podia ir porque ligaram da delegacia para ele ir buscar dois menores que precisavam de abrigo e não podiam ficar na delegacia (e ele deixou pra me dizer isso pessoalmente, nem pra me ligar). Minha resposta pra ele: - Vou deixar meu filho lá na escola para vocês irem buscar, quem sabe assim a gente resolve o problema...
Confesso que vontade não me faltou, era uma brincadeira mas com muito cunho de verdade.
Combinamos naquele dia que ele me ligaria na segunda para marcarmos. Esperei seu telefonema até hoje de manhã quando decidi ir até lá pela ultima vez, estava bem disposta a brigar caso houvesse algum impedimento pra falar com o promotor, mas não foi necessário. Conversamos por um bom tempo, ele foi muito gentil e otimista apesar de frisar as dificuldades (o estado recorre até ultima instancia, é claro!) e agora o MP vai intervir. O intuíto é adequar a escola não só para o Lucas, mas pra todas as crianças do bairro. E aqui estou eu fazendo uma busca para saber quantas crianças com deficiencia nas proximidades que poderiam vir a ser matriculadas na escola caso haja interesse dos pais. Já consegui uma rsrs.
Estou mais uma vez confiante e na minha próxima frustração, chamo a imprensa. Se nada der certo vou no mínimo mostrar que essa inclusão fofinha e maravilhosa que existe na teoria, é na realidade, por enquanto, mera utopia...
Comentários
Eu não aceito isso de forma alguma.
Como profissional de reabilitação há 36 anos, penso que está mais do que na hora de acabar os sacrifícios e ser feita a inclusão da forma correta. Se uma criança com deficiência visual recebe uma impressora em braile, uma criança com deficiência auditiva tem um intérprete de libras, uma criança com deficiência neurológica precisa receber tudo que o seu quadro mais complexo necessita, e não ser incluída por inclusão, ou seja, permanecer excluída dentro da inclusão.
Não, a qualquer sacrifício.
Gisleine Martin Philot
Terapeuta ocupacional
Assino embaixo quando vc diz: Não, a qualquer sacrifício.
Abraços,
Antonia