Há dias na vida da gente em que tudo parece diferente. Algo que muda e tudo sai da rotina. São momentos carregados de emoções... Alguns de alegria e êxtase e outros de tristeza...
Mas os que estão martelando a minha mente são de dúvidas, incertezas e um pouco de medo eu diria... Os mesmos que deixam uma marca constante em meu rosto.
Por vezes já escrevi sobre algumas falas do meu filho mais novo dizendo que queria ser como o Lucas, inclusive fiz uma postagem sobre o dia em que ele me disse que queria ser cadeirante enquanto tocava a cadeira de rodas do irmão.
Não que eu acredite naquelas crenças antiquadas de que o fato de alguém sentar em uma cadeira de rodas esteja "agourando" como dizia minha avó... mas acredito que nosso pensamento é criativo e que nossas palavras tem poder, eis o motivo de uma certa angustia da minha parte.
Já esse mês de janeiro ouvi o Victor dizer que queria ter uma cadeira de rodas só para ele, assim como o Lucas e ontem me trouxe mais um de seus desenhos.
Agradeci pelo desenho, disse-lhe que estava muito bonito e lamentei porque ele cortou uma parte do braço. Imediatamente ele me disse:
- Ah faz de conta que é o Victor Hugo deficiente!
Perdi o chão... imediatamente lembrei das tantas outras vezes que ele me falou sobre isso. Em minha mente fica a pergunta?
- Será que existe algum desejo de ser como o irmão (de ter uma deficiência) por falta de atenção? Ou ele está predizendo algo?
Procuro sempre tratar os dois como iguais, tento dividir até os beijos e abraços dispensados. O que falta? Seria mera coincidência?
Para mim não, felizmente ou infelizmente, não sei, mas o fato é que não acredito no acaso... E me resta não um receio mas medo dessas palavras que saem constantemente da boca do meu filho Victor, afinal...
"... a boca fala do que está cheio o coração.” (Lucas 6.45)
Como saber o que se passa realmente... o que uma mãe faz nessas horas? Cadê o manual de instruções?...
Mudando um pouco de assunto... A noite estávamos assistindo o filme Vivos que conta a história dos sobreviventes de um acidente aéreo. Através dele testemunhamos a força física e emocional de um ser humano em busca de sua sobrevivência. A parte mais emocionante é quando o grupo decide se alimentar de carne humana para não morrer de fome... logo após mudei de canal para ver o filme Uma prova de amor por indicação da minha vizinha, sem dúvida uma linda história e uma prova de que as vezes o amor e egoísmo materno nos levam por caminhos nem sempre desejados por nossos filhos e para completar o dia de grandes emoções lá fui eu reviver pensamentos que busco constantemente eliminar da minha mente.
São pensamentos que me levam a crer que já não temos tanto tempo... e infelizmente são cada vez mais constantes. Esses dias fiquei pensando desde quando eles existem e lembro de que no ano de 2001 já me causavam dor. No inicio doía mais, era uma dor que me levava a questionar irracionalmente... Por que?? por que?? por que??
Hoje não dói tanto, mais sinto um desconforto enorme ao tentar desviar minha atenção a coisas palpáveis... não quero pensar, prefiro viver e assim fito meus pensamentos no momento presente e tento viver um dia de cada vez tentando não questionar o porquê de tudo isso...
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