Um dos problemas que ainda contribui para exclusão na inclusão de crianças com deficiências nas escolas regulares é o fato de algumas pessoas enxergarem essas crianças como diferentes. Infelizmente é muito comum ouvirmos familiares, amigos e profissionais dizendo: "Eu não sei lidar com alguém assim", "Eu tenho medo de não cuidar direito", "Eu não tenho experiência" e por aí vai... Fico me perguntando se as pessoas que pensam dessa forma não necessitam viver experiências inusitadas e se na hora em que vão ter filhos elas fazem algum curso para não errar nos cuidados com a criança.
É óbvio que em muitos casos não falta experiência e sim vontade. Essas pessoas poderiam fazer um simples exercício se colocando no lugar dos pais dessa criança, já que os mesmos aprenderam na prática, mas tem também um outro exercício que é colocar em mente que os cuidados com uma criança com deficiência não diferem dos cuidados que uma criança sem deficiências exige.
Como uma pessoa consegue trocar a fralda de um bebê e alimentá-lo e o mesmo não consegue trocar a fralda de uma criança de três anos e alimentá-la ainda que tenha uma deficiência física ou intelectual, o que se passa em sua mente? Qual a diferença, o tamanho?
Não é condenável o fato de alguém não conseguir lidar com as crianças com deficiências sem ter tido orientações e cursos específicos para isso, mas está claro que se aqueles que se veem diante da realidade de ter que trabalhar com essas crianças ou até mesmo conviver por ter alguém no seio familiar, não se esforçarem a vida dessas pessoas fica muito difícil e a inclusão plena dos mesmos na sociedade ainda mais distante.
Infelizmente precisamos de leis para "obrigar" as pessoas a agirem de forma coerente no sentido de termos uma sociedade mais justa e igualitária, no entanto, ainda existem muitos desafios para que isso se concretize. Inclusão de fato nós teríamos se não houvesse a necessidade de leis para que todos pudessem usufruir deste mundo sem ter que lutar tanto para isso.
Antônia Yamashita
Texto baseado na experiência abaixo.
Meu neto então com 3 anos foi colocado em uma escola infantil junto com crianças menores (berçario) devido sua idade mental ser de uma criança de 1 ano e ele usar fralda. Minha filha foi a escola no terceiro dia no meio do periodo para ver como estava indo pq ela percebeu que ele chegava com muita fome e molhado. Qual não foi sua surpresa ao notar que a professora deixava o meu neto separado das outras crianças na hora da alimentação, com a cadeirinha virada para a parede e sozinho, enquanto os outros comiam ele ficava la, sozinho e virado para a parede. Depois disso, o caso foi levado a diretoria e pedido a ela que esperasse mais um pouco para adaptação ela fez uma bolinha de canetinha na fralda dele e, qdo ele chegou em casa a fralda era a mesma que ela tinha feito a bolinha com canetinha..ou seja, ele não estava sendo alimentado nem sua fralda estava sendo trocada. Minha filha chamou conselho tutelar, ação social, fez uma revolução na escolinha. a professora alegou que deixava o menino longe dos outros pq não sabia se "o que ele tinha" pegava nos outros e tinha medo. Alegou tbem que não sabia alimentar nem trocar crianças "assim". A assistente social pegou o meu neto muito gentilmente, alimentou e trocou ali, na frente dela e disse "é assim que vc faz, igual aos outros, alimenta e troca, simples assim, e ela pediu desculpas a minha filha pq nunca tinha trabalhado com crianças "assim". Bom, resultado, pediram muito para que meu neto ficasse la na escolinha mas minha filha se recusou a deixar nosso menino nas mãos de pessoas tão ignorantes e despreparadas. hJ ele esta no APAE, continua la, e la vai ficar, junto com crianças que são iguais e que sabem respeita-lo e ama-lo do jeito que ele é e junto a professores que sabem como tratar uma criança com necessidades especiais
Comentários
Há que se reconhecer que uma criança portadora de necessidades especiais não tem as mesmas necessidades de uma criança não portadora. Se ela tem alguma limitação, obviamente necessitará de mais atenção e apoio para superá-la. Muitas vezes o professor/auxiliar precisa ser as pernas, braços, voz, olhos, ouvidos da criança. E o profissional, na maioria das vezes com um número excessivo de alunos na sala, com todas as cobranças de pais e gestores escolares por um "bom rendimento", como vai fazer para atender às necessidades de todos?
Em minhas pesquisas em escolas, várias vezes presenciei fatos como professora com apenas uma auxiliar (e sem formação na área, apenas para "cuidar") na hora do lanche de uma turminha de 16 crianças de dois anos. As duas fazendo tudo para ajudar os 5 alunos que ainda não se alimentavam sozinhos, incluindo uma criança portadora de paralisia cerebral que necessita de tempo e cuidados para não se engasgar ou aspirar o alimento.
Também já vi muitas auxiliares cheias de boa vontade colocando as crianças mal posicionadas por puro desconhecimento. Ou fazendo as atividades no lugar da criança porque " ela não sabe fazer, coitada", sozinhas trocando fraldas de adolescentes às vezes com um peso maior do que o delas próprias...Enfim, é um caminho longo a ser percorrido para que esses pequenos (e grandes) tenham acesso à educação de fato inclusiva. Enquanto não chegamos a uma solução angustiam-se alunos, pais, educadores.
Não seria a solução, mas ajudaria muito se as salas tivessem um número adequado de alunos e se professores e auxiliares tivessem formações continuadas e especialização na área. Boa vontade só não basta.
Tô chocada!
Bjos,
Priscila - http://maededudu.blogspot.com
Se um profissional com experiencia no assunto atuar em sala de aula lotada sem auxiliar, ele precisará de boa vontade para praticar inclusão, caso contrário não conseguirá...
A formação do professor não resolve o problema e sim , o que ele faz com essa formação .
Pais não fazem curso para serem pais e simplesmente são pais .
Tantos professores fazem curso para serem professorese, suas práticas mostram o contrário .
A barreira para a inclusão está em como encaramos o outro , suas possibilidades e suas potencialidades .
O discurso das salas lotadas, falta de materiais, auxiliares, nunca eixará de existir .
O que precisa mudar é o olhar que temos para o outro .
Digo mais, não acredito em inclusão que não inclua dentro do processo inclusivo a família .
Professor Billy -
CIEJA Campo Limpo
www.projetocafeterapeutico.blogspot.com
www.blogdociejacampolimpo.blogspot.com
E nós olhamos muito para as escolas publicas, mas são raras as escolas particulares que se preocupam em se adequar para receber as nossas crianças! Onde moro, não encontrei nenhuma, e as próximas que tem (que são duas) são de 3 a 4x mais caras!!
O Arthur é super inteligente e sei que ele é capaz de mais! Mas sempre esparramos na acessibilidade!!!
Mas a importância da formação não pode ser negada. Não sei quando vamos superar a ideia de que profissional em Educação, especialmente o professor, não precisa de uma boa formação porque basta amor e boa vontade. Não. Os estudantes precisam de competência também. Tanto quanto procuramos um médico competente para cuidar da saúde, um psicologo competente para nos ajudar em nossa caminhada e um engenheiro competente para projetar nossa casa. A profissão do educador é tão desvalorizada que achamos que basta ser "bom".
Não é apenas a forma de olhar o outro que vai me fazer conhecer as especificidades e formas de trabalhar com as deficiências. É preciso estudar, debater, ouvir outros profissionais, o próprio estudante, seus familiares, gestores. Se eu quero dar o melhor, preciso ter conhecimento para tal.
Isso não é "privilégio" apenas do nosso país...Talvez tenha sido a minha decepção maior sair daqui pra pesquisar em locais onde se julga haver caminhado bem mais em termos de inclusão da pessoa portadora de NEE e não ver tantas diferenças.
E a questão das dificuldades com o nº excessivo de alunos, falta de material, etc, não é discurso não. É realidade e faz a diferença na qualidade do trabalho, onde o maior beneficiário é o estudante.