Há alguns
anos atrás mais precisamente em 2007 tive o desejo de ver uma exposição sobre
pessoas com deficiência. Muitos eram os temas expostos mas não via inserida
nesses temas esse universo "paralelo" então pensei porque não? Afinal
existe muita coisa bela a ser mostrada e que as pessoas precisam ver.
Finalmente a
oportunidade surgiu em dezembro do ano passado mas as dificuldades estavam
apenas começando. Era preciso uma equipe para se fazer um trabalho desses e sem
patrocínio tudo fica mais difícil. Não foi fácil encontrar fotógrafos que dispusessem
de tempo para um trabalho não remunerado e até cheguei a pensar que nada iria
dar certo por conta disso e até cogitei um plano B que envolveria a compra de
imagens em um banco de dados. Fui então em busca de sites de fotografia pois
estava quase sem opção para dar continuidade no projeto que agora mais ainda,
acredito ser essencial para a inclusão da pessoa com deficiência.
Para minha
infeliz surpresa logo percebi que essa era uma opção que não daria certo pois
as fotos que encontrei nos bancos de imagens jamais fariam parte de uma exposição
feita por mim, a não ser que o tema fosse doença pois era tudo o que me
lembrava quando eu olhava as cenas.
Fiquei
literalmente chocada com a imagem deturpada que ainda perdura em relação as
pessoas com deficiência.
Estava eu
bem confiante de que nesses sites, que possuem centenas de imagens maravilhosas,
eu encontraria o que buscava - pessoas com deficiência exercendo sua cidadania
plena - mas o que vi me deixou horrorizada... a cada imagem que passava eu
pensava: Vou ter que virar fotógrafa em um dia...
Em grande
parte das imagens tinha uma pessoa que parecia ser terapeuta ou algum
profissional, usando uniforme azul ou branco. Fotos com brinquedos? Sim, aqueles
que as crianças usam para fazer fisioterapia em cima de uma mesa... ah e dentro
de uma sala branca. Outra grande parte eram imagens com fundo branco e tinham
sim algumas ao ar livre, algumas em família e algumas onde as pessoas estão
sorrindo, mas nada que transmita emoção. Nada que mostre pessoas enquanto
cidadãos mas sim fotos que nos fazem pensar em incapacidade, segregação, tristeza...
Mas mais uma
vez tudo deu certo no final, encontrei parceiros e a exposição aconteceu e está
acontecendo. Vidas em cenas mostra o cotidiano das pessoas com deficiência,
afinal qual a diferença?
Este mês estará
na estação Sé do metrô de São Paulo até o dia 30 e depois seguirá para a
estação Vila Madalena e Tiradentes.
Só tenho a
agradecer ao metrô pela parceria, a Kica de Castro pelo tempo que dispensou a este trabalho indo comigo
fazer as fotos para a exposição. Ao Arthur Calasans
que cedeu fotos maravilhosas do seu acervo e a todos os modelos e pessoas que
colaboraram direta ou indiretamente com a exposição.
Esta exposição
não foi remunerada, infelizmente, pois melhor do que fazer algo que possa
contribuir com uma causa é poder desse esforço prover o sustento de sua
família. Mas mesmo assim devo dizer que valeu muito a pena, pois ficou um lindo
trabalho. E nada mais fiz do que mostrar a realidade de pessoas que podem sim
exercer sua plena cidadania mesmo diante de tantos empecilhos, muitos deles impostos
pela própria sociedade, uma sociedade que deveria valorizar as diversidades
humanas.
No site do Projeto tem mais informações.
Aproveito
para convidá-los a visitar a exposição no dia 21 de setembro. Estaremos lá das
18:00 às 20:00.
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