Admito. Já
sonhei muito com o meu filho andando. Em meus pensamentos já o vi de pé, de
tênis bem cravado no chão. Sem qualquer dificuldade, sem sua magreza que é
estranha para quem não está acostumado, sem falta de equilíbrio... Bonzinho
como diria minha avó. Já fui a igreja não por me sentir bem, nem pela palavra
de Deus, mas pura e simplesmente esperando ver meu filho levantar da cadeira de
rodas e nunca mais depender dela. Confesso que esses sonhos em nada me
ajudaram. Se minha fé é pequena, tenho certeza que não. Pode até não ser grande
o suficiente para alcançar a "cura" do meu filho mas é o bastante para
acordar disposta para mais um dia. Para sorrir mesmo quando as situações me
fazem chorar e para acreditar ainda que nada tenha sentido.
Eu, Antônia,
confesso que não tenho mais esse sonho, pois ele foi substituído por um de
maior grandeza. Hoje, desejo ver meu filho sorrir sem sentir dor. Vê-lo sorrir
apesar das inúmeras dificuldades que enfrenta é uma realização. Ele não consegue
fingir... E é por essa sinceridade estampada em seu rosto que não vou
submetê-lo a ansiedade de que ele caminhe, pois sei o quanto isso é difícil,
aliás, isso para a realidade do meu filho é QUASE impossível. Digo quase porque
não acredito no impossível.
Talvez daqui
há alguns anos depois de adquirir mais maturidade, com minha ajuda e a de
muitos profissionais, ele possa dar seus passos mas isso não é prioridade
porque não acredito que a solução para a felicidade do homem esteja em sua
condição física e intelectual.
Meu apelo
nesse sentido é quanto ao cuidado na abordagem que tantas pessoas de "boa
fé" fazem a quem está acompanhando uma criança com deficiência. Sinceramente
chega a ser ridículo a forma como as pessoas se aproximam quase nos obrigando a
segui-las imediatamente até a igreja em busca de "cura certa".
Questionando sua fé, seu conhecimento, seu amor por Deus e até mesmo sua
vontade. Deus nos dá o livre arbítrio mas o homem parece desconhecer totalmente
o significado dessa palavra...
Queria que
essas pessoas tivessem capacidade de ouvir para poder dizer-lhes: Queridos, não
me convidem a aceitar sua religião e a frequentar seu templo com a promessa de
uma cura que nem mesmo estou buscando. Existem coisas tão importantes como essa
a se fazer na casa de Deus. O homem não conhece meu coração, mas o Senhor sim e
Ele sabe o quanto eu anseio por uma igreja onde meu filho Lucas possa CONHECER e
ACEITAR a Jesus. Onde seja incluído e se sinta parte, onde a minha família
possa ter comunhão com os irmãos.
Sei que quem
deveria não irá ler, pois a maioria das abordagens foram feitas por pessoas que
aparentavam não ter muita instrução. Mas fica o desabafo de uma mãe que não é
de ferro e nem de massinha de modelar.
Comentários
Ha pessoas que dentro da igreja são "Santas",mas longe dela, tomam atitudes terriveis ;porém, Deus vê todos os lugares ,não é necessário ter mascara perto dEle .Por que Jesus fez tantos milagres e prodígios para os fariseus e eles não se converteram?Porque eles estavam mascarados.
Padre Léo.
Simone Duarte