Pular para o conteúdo principal

Circo dos horrores




     Não é de se admirar que as pessoas com deficiência ainda sejam vistas com olhares piedosos e com sentimento de total dependência se parte de nós mesmos atitudes que contribuem para alimentar esse tipo de pensamento.
 

   Cada passo significante na conquista dos direitos de determinado grupo exige o pleno envolvimento daqueles que sentem na pele a necessidade de mudança. Não basta sentar na janela e acompanhar o movimento. Não adianta apenas torcer e pedir a Deus que os outros consigam e que tudo melhore. É preciso se envolver não só de alma e coração mas também com a nossa presença, com a nossa voz. A voz de quem sabe o que diz.

    Foi assim com movimentos que fizeram a diferença como o Movimento pelos Direitos Civis que atingiu a universalidade e a popularidade liderado por Martin Luther King e com muitos outros de menor proporção. A luta de Martin foi duradoura e constante e com o envolvimento de muitas pessoas. Apesar de ser o líder, cada um dos que esteve com ele é tão importante quanto, pois sozinho, ele não conseguiria o mesmo resultado, a mesma revolução.

     E quanto a nós?

    Acompanho os eventos e o movimento que envolve as pessoas com deficiência e vejo o quão pouco temos avançado. E sinceramente me assusto com o imperialismo do assistencialismo barato que cerca o meio.

    Foram muitos os que se aproximaram do meio com o intuito de contribuir para uma causa nobre e muitos desses saíram como quem presenciou um verdadeiro circo dos horrores enquanto alguns permanecem por não ter lugar melhor para ir.

    Lutamos pelo reconhecimento de nossas capacidades, lutamos por respeito e por um mundo mais acessível. Mas não haverá reconhecimento de capacidade, enquanto não formos capazes de viver sem o assistencialismo, não haverá respeito enquanto não respeitarmos a nós mesmos e para um mundo mais acessível precisamos "estar" no mundo, ainda que sem acessibilidade.

    Infelizmente o alto custo de aparelhos ortopédicos e outros recursos que são essenciais para uma melhor qualidade de vida contribui com o assistencialismo mas acontece que há muitos casos em que a própria pessoa com deficiência presta esse assistencialismo a quem possui recursos para contratar o profissional que ele é.

    É muito bom contribuir com uma causa mas é preciso antes de tudo valorizar a si mesmo para ser valorizado. Temos capacidades, temos o nosso valor. Vivemos em um mundo capitalista, somos cidadãos e devemos nos comportar como tal para assim sermos reconhecidos.

    E que assim o nosso movimento, a nossa união possa crescer até o dia em que não seja mais necessário movimento nenhum por estarmos totalmente integrados no mundo.

    Antonia Yamashita

Segue com o texto o convite para estarmos juntos no sábado. Quem mora em Sampa, está de passeio ou em tratamento junte-se a nós, vamos fazer parte de um movimento em prol de acessibilidade. Papais, mamães, familiares e aqueles que concordam que um mundo mais acessível é melhor para todos, com ou sem deficiência. Nos vemos lá!!!  



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

No facebook é fácil!

Hoje foi dia de trabalho duro. Acordamos bem cedo e contrariando nossa vontade de cuidar do Victor que estava com febre fomos para nosso primeiro compromisso. A pauta, inclusão em um evento político. Entre um auditório lotado estávamos eu, Fabio Yamashita, Sulamita Meninel , Fernanda Terrible e Juliana Trigo esperando ouvir as propostas para a tão sonhada inclusão de nossos filhos na sociedade. Depois fomos para Paulista, apenas uma ida rápida pra fazer um pouquinho do que gostaríamos que era acompanhar toda a passeata do Movimento Superação e fazer o que é tão urgente em nosso país, reivindicar nossos direitos de cidadão. Infelizmente, a passeata foi tão rápido que acabei acompanhando quase todo o percurso. Não havia praticamente ninguém! Fiquei realmente impressionada. Aonde estão as milhares de pessoas com deficiência que vivem brigando com garras e dentes por inclusão na internet e nas redes sociais? Será que é mesmo tão difícil botar o corpo na rua? Porque eu não vejo outra ma...

Porque dói tanto???

Ontem finalmente consegui assistir ao filme que tanto queria ver, Meu pé esquerdo, que conta a história de um rapaz com Paralisia Cerebral que tinha uma mente genial... como eu já imaginava, o filme me prendeu e me emocionou do inicio ao fim. Me vi alí em grande parte do tempo como aquela mãe que tentava ensinar o filho ainda que todas as circunstancias parecessem desfavoráveis, lutando por ele dia após dia enquanto muitos a sua volta a viam como a coitada que carrega um fardo... pobres doentes!! Quantos desses já encontrei em meu caminho... me olhando como se eu tivesse sido premiada por uma grande desgraça. No filme aquele "pobre coitado" conseguiu mostrar o seu valor, realizando conquistas que nem mesmo os mais "premiados" com seus corpos e mentes perfeitos conseguiam. A dor porém fazia parte daquela história assim como se faz presente na minha e do meu filho. Hoje já não surgem perguntas como Porque comigo?? ou afirmações como Eu não deveria ter ...

Voltando...

Estou de mal comigo mesma por estar tanto tempo longe daqui, das minhas coisas, meus textos que é o que mais amo fazer, mas tanta correria atrás de melhorias na escola, doações de fraldas específicas, ufa! como isso leva tempo e cansa... Tenho tantas novidades, mas logo vou fazer as pazes comigo mesma e atualizar "meus dados"... Começando pelas minhas novas madeixas...